A assistência pré-natal deve ser iniciada assim que a possibilidade de gravidez for considerada, geralmente devido a atraso menstrual. Quanto antes for iniciado o acompanhamento, melhores serão os resultados alcançados.
Na primeira consulta, o obstetra tem a oportunidade de realizar uma entrevista detalhada com a gestante, englobando vários aspectos. São questões a serem levantadas: ü História Clínica (Observar cartão da gestante):
· Identificação:
o Idade;
o Cor;
o Naturalidade;
o Procedência;
o Endereço Atual;
o Unidade de Referência.
· Dados Socioeconômicos:
o Grau de Instrução;
o Profissão/ocupação;
o Situação Conjugal;
o Número e idade de dependentes (avaliar sobrecarga de trabalho doméstico);
o Renda Familiar Per Capita;
o Pessoas da Família que Participam da Força de Trabalho;
o Condições de Moradia (tipo, nº de cômodos);
o Condições de saneamento (água, esgoto, coleta de lixo).
· Motivos da Consulta:
o Assinalar se foi encaminhada pelo agente comunitário ou se procurou diretamente a unidade;
o Se existe alguma queixa que a fez procurar a unidade, descrevê-la.
· Antecedentes familiares:
o Hipertensão;
o Diabetes;
o Doenças Congênitas;
o Gemelaridade;
o Câncer de Mama;
o Hanseníase;
o Tuberculose e outros contatos domiciliares (anotar a doença e o grau de parentesco).
· Antecedentes Pessoais:
o Hipertensão arterial;
o Cardiopatias;
o Diabetes;
o Doenças Renais Crônicas;
o Anemia;
o Transfusões de Sangue;
o Doenças Neuropsíquicas;
o Viroses (rubéola e herpes);
o Cirurgia (tipo e data);
o Alergias;
o Hanseníase;
o Tuberculose.
· Antecedentes ginecológicos:
o Ciclos menstruais (duração, intervalo e regularidade);
o Uso de métodos anticoncepcionais (quais, por quanto tempo e motivo do abandono);
o Infertilidade e esterilidade (tratamento);
o Doenças sexualmente transmissíveis (tratamentos realizados, inclusive do parceiro);
o Cirurgias ginecológicas (idade e motivo);
o Mamas (alteração e tratamento);
o Último Papanicolaou ou preventivo, data e resultado).
· Antecedentes obstétricos:
o Número de gestações (incluindo abortamentos, gravidez ectópica);
o Número de partos (domiciliares, hospitalares, vaginais
o Espontâneos, fórceps, cesáreas - indicações);
o Número de abortamentos (espontâneos, provocados,
o Complicados por infecções, curetagem pós-abortamento);
o Número de filhos vivos;
o Idade na primeira gestação;
o Intervalo entre as gestações (em meses);
o Intercorrência ou complicações em gestações anteriores (especificar);
o Complicações nos puerpérios (descrever);
o Histórias de aleitamentos anteriores (duração e motivo do desmame)
· Gestação atual:
o Data da última menstruação – DUM (anotar certeza ou dúvida);
o Data provável do Parto - DPP;
o Data da percepção dos primeiros movimentos fetais;
o Sinais e sintomas na gestação em curso;
o Medicamentos usados na gestação;
o A gestação foi ou não desejada;
o Hábitos: fumo (número de cigarros/dia), álcool e uso de drogas ilícitas;
o Ocupação habitual (esforço físico intenso, exposição a agentes
químicos e físicos potencialmente nocivos, estresse).
ü Exame Físico
· Geral:
o Determinação do peso e avaliação do estado nutricional da gestante;
o Medida e estatura;
o Determinar freqüência cardíaca;
o Medida da temperatura axilar;
o Medida da pressão arterial;
o Inspeção da pele e das mucosas;
o Palpação da tireóide;
o Ausculta cardiopulmonar;
o Exame do abdome;
o Pesquisa de edema (face, tronco, membros).
· Específico: gineco-obstétrico:
o Exame de mamas (orientado, também, para o aleitamento materno);
o Medida da altura uterina;
o Ausculta dos batimentos cardiofetais (BCF) com auxílio do Sonar Doppler na 12ª semana e após a 16ª semana com Pinard).
o Identificação da situação e apresentação fetal (3º trimestre) fazendo a manobra de Leopoldo que se divide em 4 tempos: o primeiro tempo delimitando a altura de fundo uterino, o segundo verificando a situação e posição fetal, o terceira verificando a apresentação fetal e o 4 tempo a escavação pélvica.
A mulher deve realizar vários exames laboratoriais que tem o objetivo de detectar qualquer alteração ou doença que possa acometer a criança ou comprometer o seu desenvolvimento no útero. Os exames realizados, geralmente, são os seguintes: o Grupo sanguíneo e fator Rh (ABO-Rh): importante porque se a mãe for Rh negativo e a criança Rh positivo (caso o pai seja Rh positivo), pode ocorrer uma incompatibilidade sanguínea que leva à destruição das células vermelhas do feto, podendo levar à sua morte antes mesmo do nascimento. Esse exame deve ser realizado na primeira consulta.
o Hb/Ht (Hemoglobina/Hematrócrito): Esse exame verificará se a gestante tem ou não anemia, que pode ser de dois tipos: ferropriva e megaloblasta. Esse exame deve ser realizado na primeira consulta.
o Glicemia de jejum: para avaliação da presença de Diabetes Mellitus. Esse exame deve ser realizado na primeira consulta e na trigésima semana de gestação.
o Anti-HIV: Para municípios com mais de 50.000 habitantes faz-se a oferta de testagem Anti-HIV para detectar a infecção por esse vírus (vírus da AIDS). Isso é importante porque existem medicamentos que se utilizados de maneira correta e no momento certo podem reduzir bastante o risco de transmissão do vírus para o bebê. Com um exame na primeira consulta.
o VDRL (Exame de sífilis): essa doença é causada por uma bactéria e pode ser transmitida ao bebê, podendo causar malformações. Esse exame deve ser realizado na primeira consulta e na trigésima semana de gestação.
o Sumario de Urina: para detectar infecção urinária. A ocorrência de infecção urinária, durante a gestação, pode aumentar o risco de parto prematuro e de infecções mais graves (como a renal). Esse exame deve ser realizado na primeira consulta e na trigésima semana de gestação.
o Ultra-sonografia (USG): A ultra-sonografia obstétrica é, indiscutivelmente, aquela que mais diagnostica as malformações, tanto doenças genéticas quanto não-genéticas e, por esse motivo, aliado ao seu baixo custo e à sua característica não invasiva, deve ser incentivada e priorizada no diagnóstico pré-natal, porém, a sua não realização não constitui omissão nem diminui a qualidade do pré-natal.
· Referências:
o MINISTÉRIO DA SAÚDE. Assistência Pré-Natal, Manual Técnico, Ministério da Saúde. Brasília-DF, 2000.
ü Autores:
o Bárbara Hana, Daniella Salgado, Edvaldo Leopoldo, Iuranna Vieira, Jéssica Negreiro, Júlia Raquel, Marina Coelho, Natália Lima, Tâmara Carolinne.